
O frio parecia constante. As músicas traziam nostalgia, regressos de memórias tão sólidas que não teriam sublimação com nenhum tipo de calor. As composições e as letras lembravam coisas que não voltariam, como palavras e simpatias. E a cada dia que passava, mesmo tendo olhos verdes junto dela, faltavam pedaços de pessoas tão importantes quanto ele. Era aquele anjo do tempo bom que deixava as coisas sempre voando, flutuando. Assim que, de leve, caíssem no chão os pensamentos ou as verdades, ela acordava e sabia que ali o mundo era tão real quanto contos de fadas. Fechava os olhos e esperava encontrar um passado mais presente (cheio de muito mais). E quando procurava as letras, tudo fugia dela. Qualquer maior sentimento que procurava expressar, era confiscado das mãos e parava em algum lugarzinho apagado e sem luz dentro de si. Lá dentro ele era processado por muito tempo, enquanto do lado de fora seus olhos faziam exposição de saudade.