12 de fevereiro de 2010

Os dias passavam incrivelmente lentos. Já não sabia quantas estações haviam deixado suas marcas. O gosto doce que o céu cinza trazia parecia esgotar-se. As horas pareciam sempre as mesmas, e o prazer de buscar um cappuccino tornava-se nulo. O que outrora havia representado tanta vida deixava-se sumir. Lennon parecia cansado, triste. Seu sofá verde já não tinha o poder de acolher suas lágrimas, e sua filosofia já não a deixava tão contente quanto antes. Mas apesar de tantas controvérsias, brotou-lhe um sorriso sem explicação. O caso é que sempre fora indecisa. Era apenas mais um de seus momentos próprios e inconfundíveis. Para quê querer mais do muito? O seu maior sonho estava realizado. Mas o que havia acima disso? Pura ilusão achar que conquistar um sonho é ir além de tudo. Nem sempre sorrir pra estampar uma máscara permanente no rosto demonstra o quão contente se está com o modo de viver. E ela sentia-se perfeitamente compatível com esse pensamento. Questionava-se o porquê de tanta negação, já que nunca exigira nada impossível da vida que possuía. Só então conseguiu entender que justamente por não exigir nada de si mesma, não conseguiu conquistar aquilo que possuía potencial para conquistar. Incerta, confusa. Porém, sã. De tantas questões que nunca foram respondidas com argumentos concretos, achava que ao menos a si mesma merecia sua lucidez.