11 de setembro de 2011

Sentia o tempo, rápido, cruzar entre seus dedos. Escorria, mais gelado que o próprio vento que ansiou durante muitos anos. Aonde ia parar, o que faria quando não o tivesse mais, já não era problema. Sentava e sentia o cheiro do silêncio, porque cheirava e tinha sabor. Será que o tempo perdido era tão valioso assim, que sentia-se culpada por gastar metade do seu dia ao ócio? Sabia que aqueles minutos fariam falta quando não os tivesse mais. Daria o que fosse preciso para tê-los novamente, só para refazer os mesmos passos, sentir os mesmos cheiros e passar os dias à esmo, gastando e gastando os inacabáveis minutos, repetidamente, ciclicamente. Queria que aqueles minutos fossem os escolhidos para serem eternizados e, dessa maneira inacabável, seguidamente se veria perto dos seus melhores sentimentos. Toda utopia era viável em seus sonhos, o único lugar aonde a liberdade era realmente livre e a censura era um brinquedo que se adaptava às suas vontades.