16 de outubro de 2012

É legal saber que depois de um tempo tu descobre que não precisa saber a medida certa de escrever. Saber a fórmula de juntar a palavra poética com a ideia bonita. Eu descobri, aos poucos, assim como a mulher de cabelos escuros, que isso tudo não se compara. Não se compara amor, sentimentos, palavras. Não se compara, na verdade, pessoas ou personalidade. E daí a gente cresce mais uniforme, mais limpo. Puro de tantas coisas ou verdades que alguém te diz. Puro daquele discurso que alguém te diz. Não preciso saber fazer e nem procurar como saber fazer. É simples, é só o que flui na hora. É só saudade nas palavras, só amor na vontade. Amor puro na vontade pura. Sem muitos bloqueios. Aprendi com o tempo. Só não sei se vou desaprender um dia...

25 de maio de 2012

Foi mais um dia comum, mas um dia em que eu era minha outra essência. Uma essência perdida que brotou devagarinho, chorando letras, chorando palavras, barulho, sentimentos, outra vida. Nos devaneios fiquei escutando aquele barulho de pessoas, aquela gente toda correndo, turbuleta, em uma pressa tão doída e agoniante que dava vontade de ficar parada em um cantinho só para admirar. Foi nessa pressa toda que passou no ar a essência e eu peguei, pra não deixar escapar. É que ela vai, vem, não tem dia para aparecer. Havia aparecido naquele dia, sumiu, voltou hoje. E voltou quietinha, deixando só uma coceirinha de quem vem para que eu apenas me lembre que tive outra vida há apenas alguns anos atrás. Não era exatamente outra vida, mas a essência (aquela que eu capturei voando no ônibus) foi outra, o que acabou mudando o resto do que viria. O que veio foi força, foi futuro, planejamento e estruturas. Será que valeu mesmo mudar a essência sem saber? Será que valeu deixar tanta coisa que me fazia bem para trás porque minha essência se perdeu? Hoje construí uma nova mas não sei se ela deve ser exatamente assim. É tanta política para uma coisa tão subjetiva que parece que meus valores se foram junto com a essência. Quero sentir esse cheiro, esse pedaço e essa coisa que me foge tantas vezes com mais frequência...

3 de janeiro de 2012

Ela tentava em vão. Porque, decerto, vivia de tentativas. De ocupar lugares. Assim, se não fosse ela, tão distante, quem ocuparia? Tão distante em pensamentos, era perdida em algumas coisas que já nem sabia mais identificar. Era só uma vontade pequena de se perder. Deixar levar. Vivia, indefinidamente, aquelas coisas meio antigas, algumas mais novas e algumas um pouco mais penosas, doloridas. Tudo que ela sabia é que adorava cutucar pedaços abertos de histórias. Mesmo que doessem, traziam um sabor à boca que ia muito além de dor, era um sabor de lembrar e saber que conseguia, cada dia que passava, superar. E, bem devagarinho, como quem não quer quase nada, ia desenhando uma estradinha. Desenhava, desenhava, planejava. E continuava tentando. Em vão, será? Porque era um espaço que antes já era preenchido, de muitas maneiras, e na história que desenhava não havia tempo nem sentimento que deixasse lembrar de colocá-lo. Era importante, sabia. Só que, às vezes, preferia fingir que ele nunca existiu pra tomar um pedaço de vida só pra ela, porque o tempo exigia, pedia cegamente. Foi assim que, com um jeitinho leve, deixou que a brisa lavasse a alma e inspirasse as palavras.