26 de outubro de 2010

Ela pegou o caderninho de palavras bonitas e o colocou no lixo. Superficialidade já não era mais o seu forte e tudo aquilo que há tanto tempo havia escondido e guardado, achando que os olhos de tantas cores e de tantas Avenidas jamais enxergariam, apareceu fazendo-se destacar mais do que seu próprio sorriso. E aí, então, ninguém mais enxergava aquela mulher morena de cachecol vermelho. Todos enxergavam os cabelos crespos balançando e contando histórias do seu passado. Se vissem os olhos negros, só enxergariam a diferença tentando se manifestar. Vivia de sensações e era impulsionada pelas mesmas. Usava os extremos e, desse modo, diminuía-se a cada dia que passava. Tinha o sonho em mãos e acordava ao lado do cappuccino que sempre desejou acordar. Dessa maneira, sorriu para os olhos verdes e vestiu o casaco logo cedo. Ela podia ficar o dia todo olhando aquele sorriso... Abriu a porta devagar, em silêncio, olhou para os lados e o vento cortante a fez lacrimejar. Seu lábios estavam secos e sem cor, seus cílios escuros e longos enroscavam-se em alguns cachos que, devido ao vento, ficavam teimosamente pousando sobre seu rosto. Desejava intensamente que aquilo fosse o certo, porém, sabia que seus exageros sentimentais não a deixariam descansar enquanto a porta não fosse aberta novamente. Sentiu vontade de chorar por não poder ver aqueles olhos de novo... Mas, assim quis que fosse.