27 de março de 2010

Era como se fosse invisível. Sentada na frente de sua casa em uma manhã, sentia-se como se não estivesse ali. Quem a via não imaginava que dia era aquele, que hora significativa era aquela e quão era especial à ela sentir o vento gelado da manhã batendo no rosto, queimando devagarinho, como um sopro leve. O caminho de pedras indicava o portão que, por sua vez, a levava pelas Avenidas frias e quentes ao mesmo tempo, pintando contradições simpáticas no seu rosto fino e exótico. Mas o vento foi ficando mais e mais gelado... E então voltou para casa, trancou a porta e sentou no sofá. Lá estava de novo, sozinha... Sem a companhia tão desejada dos desconhecidos de Londres.

23 de março de 2010

Quando fechava os olhos, já assistia as estrelas. Quando os abria, já era uma típica manhã gelada. Levantar devagar não dava uma sensação de segurança, mas o fazia porque precisava acostumar a visão ao claro extremo que a janela expunha. Aquela luz a machucava logo cedo, mas com o passar das horas ela já não era incômoda, pois os olhos acostumavam. Era assim que seu sistema, como um todo, funcionava. O susto e a dor depois de um tempo criavam um espaço satisfatório e faziam com que se acostumasse com a situação. E aí a luz ia embora, e os olhos novamente perdiam o costume à claridade. Então ela voltava... E recomeçava tudo novamente. Era uma coisa completamente inevitável... Mais forte que ela. Como poderia lutar com uma força natural? Um instinto, uma sobrevivência? Novamente, era inevitável.

15 de março de 2010

Seu pensamento ultimamente estava alternado. Era complicado se definir, como em todas as outras situações. Sentia que podia conquistar qualquer coisa, ou nada. As coisas que antes aconteciam eram mais fortes. Um sentimento de carência misturado com uma felicidade própria sobressaltavam através de seus olhos. Das suas lembranças, o mais doce ficava pra açucarar a boca... Pra deixar o sabor, a vontade. Foi buscar mais um cappuccino. Talvez encontrasse novamente o desconhecido, mas sabia que não era tão fácil. De qualquer maneira, havia o encontrado em lugares tão alternativos que não imaginava o porquê de não encontrá-lo coincidentemente. Como sempre havia apesares, não possuía vontade de vê-lo. Seria, de alguma maneira, difícil de entrar em uma casa vazia e fria quando o calor que desejava que a aquecesse ficava do lado de fora da porta, Avenidas distante, conversando com pessoas inimagináveis ou correndo atrás do tempo. Contradições. Já sentia que a sua sustentação não aguentaria por muito tempo. Nunca foi boa estruturalmente, ainda mais quando se tratava de lidar com assuntos delicados e importantes. Sabia que superaria porque era o que sempre acontecia quando menos esperava. Porém, sabia que demoraria e que um dia voltaria.