10 de abril de 2010

Quando o desconhecido já não aparecia, seus desejos em relação a um futuro com alguém como ele se esvaíam como fumaça de um cigarro. Aquela que, a princípio, faz bem a que traga o cigarro, mal a quem está presente, observando a situação de fora e, aos poucos, aquela mesma fumaça consome todo o ar puro, levando o fôlego embora. E daí ela vai sumindo devagar, deixando somente um cheiro, ou mais uma vontade. E o sabor nunca provado ficava na boca como uma criança deseja um doce. Os olhos já líquidos, chamavam alguém misteriosamente. O desconhecido realmente sumira de sua vida, e ela, anulada diante de tanta impotência frente ao seu sentimentalismo, deixou de procurá-lo. O lápis deslizava e os olhos negros procuravam razões na calçada para sorrir. E dali retirava vontade o suficiente para viver e para acenar a Lennon em todas as manhãs frias.