16 de agosto de 2022

Ela achava que quando crescesse seria outra pessoa. Outra coisa completamente diferente. Até que descobriu que ela ainda é a mesma criança, adolescente, e adulta de sempre. Que os sentimentos que estavam lá dormindo acordam de vez em quando. Eles se manifestam devagar, em um olhar, em um livro, em um cheiro. Ela achava que seria muitas pessoas em uma, que os anos a fragmentariam e o que antes era importante ou relevante já não seria mais. Ela descobriu, com o tempo, que isso não existe. E assim o tempo mostrou como as coisas funcionam. De um dia pro outro, não devagar. Não de forma sutil, como se espera que o tempo mostre. Ele veio e a derrubou, provou que ela é uma só. A mesma de sempre, com 9, 15 ou quase 30 anos. E ela ainda sente.