
Sentada em frente ao noticiário pouco entendido, ela balançava freneticamente uma das pernas cruzadas. Sentia-se nervosa, mas sem um motivo aparente. Remoía palavras ditas e não ditas de seu passado. Típico da sua personalidade, aquela dificuldade de superação e aquele baú cerrado de uma poeira doentia, de uma poeira viciosa. Metáforas à parte, ela já sabia que passado não mudava. Por quanto tempo desviou seu foco por uma decepção? Logo, pensou no desconhecido de Saint Paul. Ele não aparecera mais, ela nunca mais o encontrou. Talvez ele fosse significativo e ela não tinha ideia. Seus pensamentos eram duvidosos e aquele dia se tornava mais triste, se julgava mal, porém, continuava a se julgar, continuava a pensar que cada um que conquistasse, da menor das maneiras, viraria as costas para ela. Então lembrou de tudo que já havia passado, de todas palavras que um dia já conseguiram, por um momento, demonstrar um resquício de vida. Mas ela sabia viver. Ela era muito sensível, mas também era muito forte. Eram só fases, ruins ou boas, logo que saísse o sol, sem aquecer, só para ceder um pouco de luz entre as nuvens escuras, ela sabia que se sentiria melhor. O sol passaria entre aquelas construções góticas, antigas, se dissiparia entre alguns vitrais coloridos encontrados em algumas casas rústicas, esbarraria nas poças, na umidade das paredes e pedras… E iria refletir no seu rosto, nas suas maçãs faciais.