13 de abril de 2009


Limitou-se a olhar o noticiário, mais por hábito do que por vontade, tentando entender o inglês britânico com suas poucas palavras primitivas, e fez com que seu pensamento recorresse às ruas de Londres e chegasse exatamente em Lugdate Hill , na Catedral Saint Paul. Como à ela encanta a arquitetura medieval… O período em que o clássico era o belo… Como seus olhos refletem plenitude e complexidade ao tocar em um lugar como esse! Decide levantar e ir até lá. E naquelas ruas encontrou pessoas indiferentes umas às outras, naquelas mesmas ruas encontrou verdades e olhares não tão sinceros. Nessas mesmas, encontrou coisas que ninguém enxergava, somente ela, que por ser tão perceptiva, consegue sentir. E naquele mesmo café que saira a minutos atrás, entrou e comprou seu cappuccino que agora se tornara uma espécie de vício, e seguiu para seu destino. Como jamais imaginaria que faria um dia, sentou-se na frente da catedral com as pernas entrelaçadas, e paralelamente à pressa alheia de todos, viu a fumaça de sua boca naquele frio gélido misturar-se ao seu céu cinza… Aquele céu que tanto admirava. Aquele que mesmo céu que a tempos atrás era apenas o sonho de seus olhos. Sua retina explodia em êxtase, sua pupila em frequente contração à claridade não desenhava as nuvens, apenas seguia aquele contorno reto que sempre via. E todo mundo repentinamente passou a notá-la. Foi necessário sentar naquele chão, com aquele cappuccino em mãos, suas vestes em baixo de si mesma em uma tentativa frustrada de proteção ao vento cortante, para observarem a sua existência. E ali ficou por horas seguidas, apenas olhando, até seus olhos acostumarem com a dor da claridade, até seus olhos acostumarem com a escuridão da noite.