2 de maio de 2011
Graças a Deus, encontrava pessoas tão afetuosas quanto ela. Prazerosamente escolheu um livro emprestado de uma dessas pessoas, querida por ela, e começou a lê-lo. Depois de muitas páginas, voltas, olhos bordados de água, ela encontrou, na fantástica Martha Medeiros, sua própria descrição: "O simples nunca foi fácil, muito menos pra quem possui um coração no lugar onde tantos possuem uma pedra de gelo." Era aos seus olhos e os olhos dos outros, ao seu sorriso e à sua visão, perfeito. Dali por diante compreendeu bem melhor as ditas frases famosas e conselhos amigáveis sobre importar-se. Era a pedra de gelo que ficava ali dentro que, além de não derreter, gelava o corpo inteiro. Dava aquela imagem azul e roxa, comprando levemente o frio de Londres e fazendo-o habituar-se ao próprio corpo. Ela sabia. Existiam pessoas que simplesmente não se importavam e, por mais duro que fosse, deveria ser aceitável. Honestamente, temia perder o coração que possuía por uma pedra de gelo, devido à convivência forçada com desconhecidos frios que não sabem o que é importar-se. Nada. Nada além dos dias corridos pelas calçadas das Avenidas. As pedras de gelo eram frias, mas, apesar de tudo, traziam a beleza da diferença e a fazia se destacar pela fumaça quente que seus lábios e suas bochechas rosadas emanavam pelo ar.