22 de junho de 2009


Sentou-se e pediu seu cappuccino, sem olhar para o lado. Não desejava que seus olhos tocassem os olhos dele. Assim que seu café chegou, suas mãos tocaram no copo marrom e branco descartável e ela se levantou, e notou que os olhos do homem a seguiram até a porta. Ela não ousou virar para trás. Porque diabos tinha saído logo com aquela calça? A mais velha de seu guarda-roupa? E porque ele tinha encontrado ela exatamente quando parecia que um carro tinha passado por cima dela? Ela realmente não entendia o sentido de tudo isso. Estava morrendo de vergonha de uma coisa que não precisava ter. The Used, All that I’ve got. Ouvia calmamente enquanto andava pelas ruas tomando seu café. Era tão estranho o dia ter ficado repentinamente claro e mais quente. Tirou as luvas. Seria só ela com aquela sensação? Ou seria o efeito do cappuccino aquecendo cada mínima parte do seu corpo? 3 minutos e 58 segundos depois, Blue and yellow. Não conseguia acreditar que caminhava e cantava aquela música. Buried myself alive. Sua expressão traduzia tudo, cantava como se fosse a última oportunidade na vida que tivesse (logo depois aprenderia que era necessário ter essa sensação). Sua completa desentonação a deixava tão bonita, e com o volume extremamente alto, sua voz saía como um grito. Não se sentia tão empolgada assim a um bom tempo. Seria pelo repentino encontro? E de onde vieram todas essas perguntas? Apesar de estar assustada e em partes, com um medo sem justificativa, se sentia completamente bem.