15 de abril de 2009

Abriu o pequeno portão e seguiu pelo caminho de pedras soltas. Sentiu aquele clic tão conhecido da sua porta, e empurrou-a. Procurou algumas lenhas e foi para a lareira, tentando fazer um fogo que nunca antes havia tentado. Depois de muitas tentativas, decidiu que seria melhor ir dormir, uma vez que não conseguia fazer seu corpo ficar quente. E aquela noite havia sido completamente fora de seus padrões. Imaginava alguém tão perto de si mesma para trocar beijos e abraços e sentia-se mal, por não querer e não encontrar alguém que a fizesse feliz. Passava seus dedos lentamente pela cholcha antiga de fios macios, mexia compulsivamente seus pés gelados a procura de algum canto um pouco mais quente, e suas meias verdes faziam grande contraste com seu lençol vermelho, como um fruto verde em vários frutos maduros. Seus cabelos desciam através do travesseiro, compridos e escuros, e faziam curvas através de seus ombros. Era dona de uma beleza inimaginável, porém de uma notoriedade mínima. Sempre quisera saber porque era tão ignorada por todos, e jamais imaginara razão aparente para isso. Fechou suas pálpebras devagar, e sorriu. Não havia sido um dia como os outros. Não havia sido um dia comum.