17 de novembro de 2009


Entre aquelas velharias que não tinham serventia, encontrava-se uma velha foto. Nos anos, o tempo havia desgastado seus cantos, os pequenos animais haviam feito mínimos buracos ao longo de todo o rosto de bebê que ali se encontrava. Era confuso olhar cada pedaço e recordar exatamente do que se tratava. Porque antigamente aquela mesma foto em tons apagados devido ao advento de novas máquinas, teria um valor inestimável e a faria possuir sentimentos. Hoje já não sentia mais isso. Estava apagada. Então, devagar, soltou a foto na mesa do hall e foi até o café, buscar o cappuccino. A garçonete ruiva estava lá, derrubando seus panos e anotando pedidos. E para sua surpresa, o homem de Saint Paul estava sentado ao balcão, conversando com o dono mal humorado do bar. Entre suas mãos, jornais, notícias atuais, fotos e tragédias. Sem sentido, pensou. Sem reflexões também. Afinal, pensar em tantos problemas antrópicos a deixava mal. Pegou o cappuccino e não se atreveu a olhar para o homem da catedral. Ele a fizera pensar por muito tempo em alguém que a aquecesse no ar frio de Londres, e preferia não ter que relembrar que fora em partes ignorada. Virou, abriu a porta, saiu pelas ruas ouvindo sua música, entrou em casa depois de ter passado pelo velho caminho de pedras, e pegou a foto velha. Sabia o que deveria fazer.