7 de outubro de 2009


De fato, sentir saudades era dolorido. É claro que era uma das coisas mais comuns encontradas no emocional de alguém. O dia estava ensolarado, e ela viu novamente a sua sombra cruzando paredes e pedras disformemente. Lá estava ela aos seus pés, representando a única coisa que não era menor que ela, e sim “alguém” que a idolatrava por nunca possuir a cor e o privilégio da vida. No resto, só tinha uma coisa a fazer: segui-la. Incessantemente. Até que o sol se pusesse, e a escuridão chegasse fazendo ela se unir à outras sombras que possuíssem o mesmo sentimento de inferioridade. Como ela já tinha observado há muito tempo atrás, tinha uma simpatia com sua sombra. Se parecia como uma amiga, pois a seguia até mesmo pelos caminhos mais tortuosos… E no escuro, quando achava que já não a via mais, descobria que a escuridão era uma grande aliada. Como alguém a disse um dia: “Os momentos e sentimentos são vividos aos extremos pelos poetas.”. Ela achava mais do que necessário possuir a solidão como um conforto e um incômodo. Paralelamente às antíteses, sentia-se confusa, frequentemente acordava e apenas observava a janela à sua frente, assistindo o tempo passar, ouvindo os segundos irem embora a cada tique compassado do seu relógio de cabeceira. Talvez fosse fácil e simples assim, não fazer o tempo valer a pena, e sim apenas deixá-lo passar. Depois de arrastados minutos, sua parede áspera e verde limão, nada condizente com o andar clássico abaixo de seu quarto, a chamou. Ela voltou à si mesma. Precisava levantar, desejar “Bom dia” à Lennon e buscar o seu cappuccino. Ali, ela somente sobrevivia.
“Escape from this afterlife.”